segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Ospedali II

Carregava em suas mãos
O peso da saudade,
A agonia da morte,
O lamento da perda.

Um andar cabisbaixo
Num corredor de destinos:
Ospedali

Nas mãos a lembrança,
da esperança que traiu
o sorriso fraco de uma vida.

Os outros mortais,
Em seus austeros envoltórios cor de paz,
Sem paz revelam um ex-ser.
Restou-lhes apenas um olhar frio
Adaptaram-se às inverdades da imortalidade.

Quem quisera antes
Compreender que o fim
É mais uma prévia do que está por vir:
A eternidade ao Seu lado.

Carregava em suas mãos
O peso da saudade
Aqui, apenas (des) ilusões.
Uma simples amostra da fragilidade da vida:
Ospedali.


Por Acsa Brito.


3 comentários:

  1. Fico encantado com a impressionante margem à subjetividade da poesia! Funcionando que já está a ferramenta, meu e-mail a acusou.

    Corri então atrás dela. Não apenas corro, mas encontro inspiração e, mais do que isso, uma referência para começar a rabiscar. Assim fiz, por exemplo, em meu último post, mas com a convicção que o dom não é para quem quer. No entanto, basta-me a tentativa para sentir-me adentrando num outro universo. Mais nobre, diga-se.

    Rubem Alvez disse que, para pensar sobre Deus, há tempos deixou de ler teólogos para ler poetas. Vejo uma grande dose de verdade nessa percepção de Deus. Deus está aqui nessas linhas.

    Ainda que exposto ao julgamento apressado de pessimismo existencial, compartilho da mesma perpectiva que endendo(se é que entendo!)do Ospedalis. Esse segundo arrancou-me um sorriso no rosto. Esse é o grande barato: deixar-se sentir pelo que lê. Deus está aqui.

    Reino de Deus é onde Ele detêm o domínio, e Ele está se sentindo bem Representado nesse espaço. Essa é a impressão que eu tenho.

    Onde há graça, lá Ele está. Nesse vale de lágrimas, com saudade da eternidade, qualificando os poucos dias desta vida, uma bela poesia para embalar a reflexão sobre a vida e para ser indefinidamente revisitada, buscando reparar nela o que ela pode nos dizer em cada etapa da vida na qual possamos chegar.

    Uma vez mais, meus parabéns e que a pena divina escreva forte na sua mão.

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  2. Vinícius, eu mal respondo seus comentários, não porque não leio, apenas não sei o que responder! rsrs. Bom, andei vendo seu post poético e creio que o dom pode ser sim pra quem quer. Na verdade, julgo ainda não possuir esse dom, apenas escrevo o que pulsa no coração, sem observar as regras.

    Ultimamente, pela vivência nos hospitais, tenho sido afetada por esse "julgamento apressado de pessimismo existencial" que você mencionou. É um ambiente que abre muito espaço pra reflexão.

    Uma vez mais, obrigada pelos "parabéns", sabendo que realmente se há graça nessas poesias, são, de fato, graças à pena divina.

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  3. Querida Acsa, para ser sincero, jamais tive a pretensão do privilégio de uma resposta sua a meus comentários! (hehe) Comento porque dá vontade. Comento por necessidade. Comento para dar e receber presença humana, sabendo que a divina se entrelaçará.

    Tanto é assim que estou surpreso em visitar os comentários, sabendo que no Ospedali comentei, e pensar que outro comentarista haveria de estar. Mas não: aqui me deste atenção. Nem precisava! (Risos!)

    Pensando que te conheço em alguma medida, nem te preocupes que sequer passa em minhas ideias que respondas. Sério mesmo. Caso soubesse que faz dois meses que a mim respondestes, escreveria a interação mais rapidamente. Aqui estou, então.

    O que me interessou, e o tempo não me permitiu perguntar em uma vida tão "circular", foi de onde veio a inspiração para o Ospedali. Aqui já vi a resposta, e tal experiência é fonte de graça para quem dela bebe, ouvindo ou lendo.

    O ambiente do Ospedali se aproxima, em determinada medida, com as experiências de Eclesiastes 7 e 12. Passa longe, sobretudo da juventude, o interesse em se deter nisso. O que se expressa nos espaços virtuais talvez deponham em favor desda minha opinião. Mas há sabedoria em encarar o inevitável.

    Por nada pelos parabéns. Toda forma de arte deve ser elogiada e incentivada, sobretudo quando ela está a serviço do Criador supremo. E, quando a pena está divinamente perceptível, que seja sublinado e grifado. Sim: há, em abundância.

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