quarta-feira, 7 de março de 2012

Sem palavras

Enquanto dormia,
Tocou-me o rosto um clarão.
Entreabri os olhos sem compreender
E sorri.
Sorri ao ver quem ousara visitar-me à madrugada
Doce alegria inesperada

Levantei-me ainda sonolenta,
Dirigindo o olhar em direção à veneziana
E sorri novamente.
Quanto contentamento!
Tão longe, tão perto.

Contemplei à volta,
O aposento estava tomado
Como o raiar do Sol ao despontar no horizonte
Contudo, não era dia.

Aproximando-me do parapeito
Apoiei meus braços e contemplei.
Lá estava minha surpresa.
Que beleza inexplicável!
Ao seu redor,
Um misto de cerúleo e stratocumulus enegrecidos
Coroavam-na harmoniosamente
Uma suavidade esplendorosamente misteriosa
Seu raios, emprestados de outros astros
Caíam-lhe perfeitamente bem
E inundavam minh’alma

Sem palavras,
Cantei-lhe uma canção.
Não, não a ela.
Ouviu minha voz Aquele
Que me surpreendeu com uma de suas mais belas criações:
O luar.

Por Acsa Brito.

sábado, 3 de março de 2012

Escolhas

Em luta travada contra si mesma,
Optou pela derrota.
Como o fel
Tornou-se o, outrora, doce demerara.
E em tristeza n’alma
Silenciou diante de tudo.

Sem palavras,
Escondeu o rosto
Ocultou as palavras
Palavras ocultas
Inalcançáveis em mais profundo ser

Tocaram flautas
E não dançou
Entoaram lamentações
E não chorou.
Alma fria e inconsolável
Teceu sua teia de amargura
Protegendo-se contra si mesma
Enquanto vagada à beira do precipício.

Ao raiar da alva
Despertou do sono profundo.
De olhos abertos lembrou-se do precipício.
Ao longe se ouvia:
"What would I have done if it wasn't for Your love
The love that tore the veil inside my heart
What would I have become if it wasn't for Your blood
The blood You gave for all on the cross"

Fechou seus olhos novamente e agradeceu.
Mais valia viver uma Canção
Do que o amargor do doce demerara.


Por Acsa Brito.