Andei distante daqui,
Subi ao céu e voltei.
Enquanto subia, via-os diminuírem
e em meu olhar,
vi o olhares sumirem.
Lá de longe percebi
A insignificância de cada olhar
Diante da imensidão
do olhar do universo
Senti-me feliz.
Distante dos olhares,
enxerguei a mim mesmo.
Senti-me incapaz,
Era eu também apenas um olhar.
Voltei então à terra e abri os olhos.
Vi e revi o que não mais via
Os olhares.
Encontrei olhares de vergonha
Esses eram apenas "quase olhares"
Olhavam-me de cabeça baixa,
tentando esconder do meu olhar o seu ser.
Vi olhares de impureza
Exalavam perfume de luxúria
E como ácido corroíam outros olhares
Fechei meus olhos imediatamente
Antes que me queimasse a retina.
Vi olhares de arrogância
Uma altivez intimidadora
Olhavam-me como de cima
Desses, sinceramente,
tive eu piedade.
Não conheciam a insignificância
de seus próprios olhares.
Olhei ao lado e vi
Olhares de inferioridade
Olhavam-me com admiração
Como se meus olhos estivessem acima dos seus
Senti-me inútil
Em não conseguir com um olhar
Mostrar-lhes meu desvalor.
Andei pelas ruas,
Encontrei tantos mais olhares
Perdidos na imensidão de seus vazios
Procurando em outros olhares
O segredo oculto do olhar do universo.
Não entendi o porquê de todos esses olhares
Tão sedentos no deserto
Destruindo-se mutuamente
Senti saudade do Olhar
Aquele Olhar confiável de paz
Resolvi então fechar meus olhos
e chorei.
Por Acsa Brito.
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